Para Meus Textos

Textos de Fabíola Mozine

Clube da Cena – até 02 de novembro – tema FAMÍLIA 27/10/2009

Filed under: Clube da Cena,Divulgação,Dramaturgia — Fabiola Mozine @ 16:15
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Atenção, o Projeto Clube da Cena está selecionando semanalmente textos de dramaturgos de todo o Brasil para participar de espetáculo temático semanal no teatro Gláucio Gil, abaixo explicado. Para participar basta enviar até segunda-feira, 02 de novembro, um esquete sobre o tema FAMÍLIA, de até 8 MINUTOS para cris1@ism.com.br Os textos podem ser de comédia ou não. O esquete selecionado será encenado no dia 18 de novembro e o autor receberá um percentual de 1,5% do bruto da bilheteria deste dia. Muitos textos que tem chegado são grandes, uma boa dica para ter dimensão do tempo do texto é usar a ferramenta do word de contar palavras, cada 500 palavras dão em média 3 minutos. Outra dica boa é visitar nosso blog, http://www.clubedacena.blogspot.com e ler os textos já escritos pelos autores fixos, para compreender a pegada do texto.

 

Ele é carioca, Ele é carioca. 22/10/2009

Filed under: Clube da Cena,Comédia,Meus Textos — Fabiola Mozine @ 11:48
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Ele é carioca!

3 atores:
Auditor
Segurança
Cristo

2 atos

 

Uma mesa e uma cadeira localizada em um canto do palco. Auditor pára na porta da sala e dá instruções ao segurança que já está em cena.

 

Auditor 1 – A partir desse momento não permita que mais ninguém adentre a essa sala. Eu tenho que tomar uma decisão muito importante e não quero ser interrompido. Você entendeu? Ninguém!

Segurança: Ninguém?

Auditor: Nem se for o papa!

Segurança – Nem se for Cristo?

Auditor 1 – Ai ai. Santa ignorância. (sarcástico) Faz assim, se for Cristo você pode deixar entrar! Tá bom? Do contrário, ninguém.

Segurança: Entendido. Cristo pode,  o papa não!

Auditor1 (irritado) – Nem o papa!!

 

O Auditor senta na mesa no canto esquerdo. Abre a pasta que contém muitos papéis, arruma sobre mesa. Abre uma maleta que tem mais papéis, arruma. Pega mais papéis que tem nos bolsos do seu palitó, e mais aonde puder tem papéis. Arruma em cima da mesa. Pega uma enorme calculadora e começa a fazer suas contas.

Auditor: Tanta responsabilidade. Tenho que ter muita atenção, afinal estou com as notas de todos jurados. Agora é só somar e logo logo teremos o resultado final. Vamos lá:
Item 1 Segurança: Ixi, a coisa tá feia.
Item 2: Estrutura: Deixe me ver, é. Mais uma vez uma lavada
Item 3: Beleza natural. Esse é mais difícil. (Pega a foto de uma mulata.) Deixe me examinar melhor esse item!

 

Enquanto o Auditor faz as contas e admira a foto da mulata dentro da sala, Cristo aparece na porta.

Cristo: Com licença Senhor, eu preciso muito falar com o homem que se encontra dentro dessa sala.

Segurança: Infelizmente não posso deixar ninguém entrar nessa sala Senhor.

Cristo: Mas é um assunto muito importante. Um assunto de ordem maior.

Segurança: Desculpe Senhor, mas eu tenho ordem de não deixar ninguém entrar. Nem o papa!

Cristo: Nem Cristo, meu filho? (tira um arco com auréola de da bolsa tira colo que carrega e coloca em cima da cabeça, abre os braços como o Cristo Redentor. Toca uma musica celestial)

Segurança: Ah! Não pode ser. É o Senhor Senhor? Por que o Senhor não disse que era o Senhor. Desculpa viu, é que o homem está tomando uma decisão importante e está todo nervosinho. Pode entrar Senhor Cristo.

 

Cristo entra na sala. Auditor tenta esconder suas anotações.

Auditor: Mas que invasão é essa? Segurança!!!!!

Segurança: Pois não doutor.

Auditor: O que significa esse homem aqui na sala. Eu não fui bem claro ao dizer que não era permitido que NINGUÉM entrasse na sala. Porque não me obedeceu?

Segurança: Mas eu obedeci exatamente o que o doutor falou.

Auditor: Qual parte de “não pode deixar ninguém entrar, nem o papa” você não entendeu.

Segurança: Mas Cristo você falou que podia entrar!

Auditor: é por acaso esse Senhor é Cristo?

Cristo tira a auréola da bolsa, coloca em cima da cabeça, abre os braços. Toca música celestial.

Auditor: Não pode ser! É Cristo? (perguntando para o segurança)

Segurança: Eu também custei a identificar, é que ele fica diferente sem a auréola.

Cristo: Meu amigo segurança, você poderia nos deixar a sós por um minuto. Preciso muito conversar com esse bom homem.

Segurança: Sem problemas Seu Cristo. (Vai saindo e volta.) Ah! Antes de ir embora será que você não poderia fazer um milagrezinho bobo? É que eu estou precisando de um ressuscitação dos mortos (olha para o pinto).

(Cristo abre os braços)

Cristo: Pronto meu irmão.  No terceiro dia ele ressuscitará .

Segurança: 3 dias? Bem, é melhor do que nada né? (sai da sala)

 

 

Cristo: Meu bom homem, eu vim até aqui para falar com você sobre essa decisão que você irá tomar. Eu vejo que você está em dúvida, mas eu estou aqui para te iluminar!

Auditor: Na verdade eu até já tinha tomado minha decisão. As Olimpíadas de 2016 vai ser em…

Cristo: em…

Auditor: Madrid.

Cristo (histérico): Mas não pode ser! (volta a ficar calmo) Quer dizer, você tem certeza disso meu bom homem?

Auditor: Tenho! Desculpe Cristo, eu fiz e refiz as contas (coloca o papel em cima da mesa). Vou te falar a verdade, eu até queria que fosse no Rio de Janeiro mesmo. Inclusive eu vi umas fotos da beleza natural do Rio e …(Enquanto o Auditor fica vidrado na foto da Mulata, Cristo pega o papel onde tem o resultado. Dá uma soprada e coloca de volta no lugar.)…mas não tem jeito. São muitos problemas. Está tudo nesse papel… (olha o papel e vê que o resultado mudou).O que é isso? Não era isso que estava escrito no papel. O que você fez?

Cristo: Você está me acusando de trapacear? Você está dizendo que Cristo, o filho do Todo Poderoso pecou? Que eu soprei o papel e embaralhei os números para que a soma fosse favorável para quem eu estava torcendo? Por que você acha que eu vim aqui interferir a favor do Rio de Janeiro?

Auditor: Você fez isso?

Cristo: Tá bom! Tá bom! Já que você adivinhou tudo, eu admito, eu fiz! Mas eu posso explicar. É que é muito importante que essas Olimpíadas seja no Rio. Logo que papai (aponta para cima) viu que a situação estava feia no Rio de Janeiro pediu para eu dar uma olhada na cidade,  eu me fingi de estátua e fiquei em cima de um morro alto para que eu pudesse ter uma visão panorâmica do lugar. E há mais de 70 anos eu olho por essa cidade.

Auditor (admirando a bondade Divina): Ah! Que bonito Cristo! Então você quer que as Olimpíadas seja no Rio para que os cariocas possam ter investimento no esporte e oportunidade de melhoria de vida?

Cristo: Não.

Auditor: Não?

Cristo: Não. Eu quero que as olimpíadas vá para o Rio porque eu não aguento mais. Desde que começou essa coisa de Rio 2016 o carioca não para de inventar moda, e é uma bizarrice mais bizarra que a outra. Já penduraram bandeira no bondinho do corcovado, já estenderam bandeira no maracanã, e papai me falou que ouviu uma conversa de que se eles não ganhassem que iriam colocar me vestir com uma camisa preta escrita “Eu não Rio mais”. Isso eu não posso suportar… eu odeio trocadilhos!

Auditor: É, essa é pesada.

Cristo: Você me entende?

Auditor: Entendendo ou não, eu não posso mais fazer nada. Você embaralhou os números e eu tenho que dar o resultado agora. Que seja feita a Sua vontade.

Cristo: Amém!

 

Auditor sai de cena. Cristo fica na sala nervoso enquanto espera ouvir o resultado. Voz em Off anuncia.

Voz em off: E a cidade que vai sediar os jogos olímpicos de 2016 é… Rio de Janeiro.

Ouve muitos gritos e aplausos. Cristo grita de animação e respira aliviado.

Cristo: Missão cumprida meu Pai! Essa foi por pouco!

 

Cristo vai para o fundo do palco, sobre em algo alto e abre os braços feliz. Apaga-se a luz do fundo de modo que não vemos o Cristo.

Passagem de tempo. No outro dia o auditor se encontra com o segurança novamente.

Auditor: Bom Dia! Que festa ontem hein! Brasileiro realmente sabe fazer festa…

Segurança: É mesmo. O povo está bem feliz!

Auditor: Dizem que Deus é Brasileiro, mas Cristo definitivamente é carioca!

Segurança: Mas quem deve estar feliz mesmo é Cristo.

Auditor: Porque o Rio ganhou e agora a cidade poderá ganhar investimento e será conhecida mundialmente.

Segurança:  Não. E que os cariocas ficaram tão felizes que até fizeram uma homenagem para ele! Está na primeira página de todos os jornais. (mostra o jornal para o Auditor. Aparece a foto no telão). Fizeram uma camisa  que diz “Eu rio a toa” e vestiram no Cristo Redentor. Boa Sacada!

Auditor ri.

Cristo ao fundo, vestido com a camisa, grita;

Cristo: Não pode ser! É castigo! Eu odeio trocadilho!! (e chora)

Sobe som – trilha “ela é carioca”

Cai o pano.

 

Clube da Cena até 26/10- Rio 2016

Filed under: Clube da Cena,Divulgação — Fabiola Mozine @ 9:41
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Atenção,
o Projeto Clube da Cena está selecionando semanalmente textos de dramaturgos de todo o Brasil para participar de espetáculo temático semanal no teatro Gláucio Gil, abaixo explicado. Para participar basta enviar até segunda-feira um texto sobre o tema da semana.

Até o dia 26 de OUTUBRO  o tema é RIO 2016. Envie seu texto de até 8 MINUTOS para cris1@ism.com.br Os textos podem ser de comédia ou não. O esquete selecionado será encenado no dia 04 de novembro e o autor receberá um percentual de 1,5% do bruto da bilheteria deste dia.

Mais informações sobre o projeto na Aba Clube da Cena.

SERVIÇO:

Teatro Gláucio Gil (praça Cardeal Arcoverde s/n – ao lado do Metrô Arcoverde)
Quartas-feiras de setembro a novembro às 20h
Preço: 10 reais inteira e 5 reais meia-entrada
Bilheteria: 2332-7904
Classificação Etária: 14 anos
Realização: Fagundes Produções Artísticas

 

Só ele é ( ) assim. 16/10/2009

Filed under: Comédia,Meus Textos — Fabiola Mozine @ 19:02
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Meu nome é Fabíola Mozine, tenho 29 anos e sou alcoólatra. Mentira! eu já fiz 30!

O alcoolismo não foi descoberto por mim,mas por uma outra pessoa. Ele passava quase 10 horas todos os dias comigo e via tudo que eu fazia, era quase da família. Ele era o dono do bar que eu bebia.

Um dia ele me disse: Fabíola! Você tem que parar de beber, você já virou uma alcoólatra!
Aquela frase para mim era como se ao chegar ao inferno o diabo falasse para mim:
– Fabíola! Você está muito má. Toma essa bíblia e leia o capítulo dos Salmos todo.

Aé? Virei Alcoólatra? Como você sabe?

Foi porque eu chamei aquele cara mal encarado com uma cicatriz enorme no rosto para sentar comigo e falei: – Te considero para caralho! Você mora no meu coração! ?
O dono do Bar disse: Não. Todo bêbado é carente…Você é alcoólatra. É diferente!

Então foi quando eu achei que mulher ir ao banheiro era muito trabalhoso e resolvi fazer xixi em pé e mijei o banheiro todo?
– Não. Todo bêbado perde a mira. Você é alcoólatra! É diferente!

Já sei. Tá falando isso só porque estou devendo mais de 5 mil reais para você?
-Não. Todo bêbado acha que está rico. Já falei. Você é Alcoólatra.

Então como foi?
– Foi pela conta. Foi o que eu li quando fazia a sua conta.

Na boa, o que pode ter de demais na conta?

Aí ele me explicou e aquelas palavras que ficaram gravadas na minha memória até hoje. Ele disse:
– A conta do bar é o exame de sangue do alcoólatra! (Profundo).

Ele explicou: Se eu fosse médico eu te explicaria assim:

Taxa de cerveja – 13 grades (normal)
Taxa de batida de limão – 12 doses (tá no limite)
Oh não! Eu tenho uma notícia para você que pode não ser boa.
Você precisa ser forte. Eu estou vendo aqui que …VOCÊ BEBEU UM CAMPARI.

– Nãããããooooo!!!!

Pra você que não bebe CAMPARI é aquele vermelhinho, última garrafa da prateleira, sempre cheio..porque ninguém  em sã consciência bebe um campari, só os alcoólatras…Ainda assim só se não tiver mais nada para beber.

Gente! Eu bebi um CAMPARI.
Quem bebe um CAMPARI?
Quem tem mal hálito? Quem quer morrer? Quem perdeu o paladar?

O slogan deles avisa: CAMPARI, só ele é assim!
É porque publicitário adora usar essas figuras de linguagem, porque no bom português seria:
CAMPARI só ele é ruim assim!

Vocês lembram de algum comercial do CAMPARI?
No comercial vocês alguma vez já viram alguém beber o CAMPARI?
Eu já vi eles jogarem CAMPARI um na roupa dos outros…lembrem-se que campari é vermelho.. ou seja o cara prefere perder um par de roupa do que tomar aquilo.

Nunca no comercial o ator toma a bebida. Parece até que vejo o diretor conversando com os atores.

Diretor: – Primeiro você vai pular desse penhasco com 1 copo de campari na mão.
Ator: – Moleza
Diretor: -…depois vai lutar com esses 3 vilões com 1 copo de campari na mão. Não deixa derramar.
Ator: – Xácomigo!
Diretor: -Aí quando você ganha dos vilões você bebe o campari para comemorar.
Ator: – Ah não! Poxa eu sou o mocinho… não posso só jogar o campari na roupa dos bandidos não?
Diretor: – Okay. Ninguém aceita beber mesmo!

Pior do que beber o CAMPARI (se é que é possível ter algo pior) e pagar para beber.
Depois desse dia eu admiti meu alcoolismo e até pensei em entrar para os alcoólicos anônimos. Mas fiquei relutante, com medo do que as pessoas podiam pensar de mim.
– Senta do lado dela não. Ela tomava CAMPARI!

Tudo começa muito simples:
Você toma um conhaque Dreher…depois você precisa de algo mais forte aí começa a tomar cinzano e quando você vai ver está pedindo um CAMPARI no balcão do Bar.

Agora eu carrego sempre comigo um frasco de perfume francês (só em caso de dúvidas). Melhor prevenir, vai que me dá vontade de beber CAMPARI de novo!!

 

Vá para a Luz! 15/10/2009

Filed under: Clube da Cena,Meus Textos — Fabiola Mozine @ 16:35
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Vá para a Luz.

3 atores (Arroz, China in Box e Goiabada)
Luz forte.
Arroz já está em cena.
Trilha Canto Gregoriano.

Entra China in Box.

Arroz: Eu! Eu! Eu!(decepcionado) Ahhh!

China in Box (eufórico): Caraca! Que frio! Mas aqui é grande hein! Ô arroz. Ô arroz. Olha pro lado. Aqui na Caixinha.

Arroz (pouco amigo): Oi.

China in Box: E aí? Me conta qual é das paradas aqui…Qual é o movimento?

Arroz: Você é novo por essas bandas né?

China in Box: Cheguei ontem de noite.

Arroz: Hum, sei! Lanchinho da Madrugada.

China in Box: Caraca, Maneiro isso aqui hein. Eu nunca tinha visto uma geladeira de dentro. Faz maior frio aqui né? Me diz aí: Quando é que “Ele” vai voltar?

Arroz: Você ainda é novo, eu entendo a sua euforia, mas se eu fosse você não ficaria tão animado assim.

China in Box: Mas porque?

Arroz: Meu filho, olha onde nós estamos. Nós estamos no fundo da terceira prateleira. Você deve saber o que isso significa…

China in Box: Que logo em cima é a segunda prateleira.

Arroz: Essa sua ingenuidade lembra a mim logo que cheguei na geladeira. … sabe, eu nem sempre fui assim. Eu já fui um arroz integral fresquinho. Já estive na frente, na primeira prateleira. Cheguei até a ser requentado uma vez, mas os dias foram passando e “Ele” foi se esquecendo de mim. Eu fui descendo as prateleiras cada vez mais baixo, até acabar aqui no fundo da terceira prateleira (arroz chora copiosamente… respira fundo e se estabelece). Eu estou bem. Já passou! Mas me diga: Que dia que você falou que chegou mesmo?

China in Box: Ontem a noite.

Arroz (estranhando): Ontem? E já está na terceira prateleira? Que Estanho! (pensa um pouco) Que dia da semana foi ontem?

China in Box: Para que você quer saber isso?

Arroz:(desesperado) Vamos me diga qual dia da semana foi ontem!!!

China in Box (Com medo): Domingo.. sei lá…

Arroz: (grita de alegria) Urrruuuuu!! Iupiii!! Isso quer dizer que meus dias de prateleira sombria acabaram. (abraça apertado agradecendo China in Box) Você não poderia me dar notícia melhor. Muito Obrigado! Muito Obrigado!

China in Box: Credo, Você é tão instável! Numa hora você está numa tristeza de dar dó e noutra parece que não se agüenta de tanta alegria. Se ontem foi domingo, hoje é segunda-feira. O que há demais numa segunda… (cai a ficha. Começa a entrar em desespero) Ah não! Não! Meu prazo de validade ainda está muito longe de vencer para isso acontecer comigo. Não pode ser possível. Mas que destino cruel!

Arroz: Qualquer alimento que se preze sabe que segunda é dia de dieta e essa é a única explicação lógica para você estar na terceira prateleira assim tão rapidamente. E se segunda é dia de dieta eu tenho uma chance de sair daqui, afinal não há nada mais saudável que um arroz integral rico em fibras. (percebe a tristeza do amigo do lado) Mas não fique tão desanimado meu amigo. Sabe como são essas dietas de segunda-feira…pode ser que até quinta “Ele” mude de idéia e…

China in Box: (histérico) Mudar de idéia? Você tem noção de quem eu sou? Eu sou uma comida de caixinha, a comida mais gordurosa e calórica que qualquer comida poderia imaginar ser. Nós somos feitos para cumprir nossa missão no mesmo dia. Sabe quantos de nós já sobreviveram a geladeira? Pouquíssimos. Em muito pouco tempo eu vou ficar duro, seboso e quadrado. Sabe qual a possibilidade de me comerem? Zero! Necas! No Way! Maldito Chinês que me cozinhou.

Arroz: Amigo, não fique assim! Permita que seu amigo de prateleira lhe dê um conselho que também aprendeu nesses longos dias por aqui. Logo que vim para a terceira prateleira conheci um pedaço de queijo parmessão. Ele já estava esquecido nesta prateleira há 2 meses. Ele estava sempre sereno e feliz, apesar de eu achar que pelo seu cheiro ele já estava com os dias contados. Eu nunca vi uma comida tão paciente e tão sábia. Muito que sei hoje aprendi com ele. E me lembro bem de quando ele me disse: “Cada comida tem seu tempo, não se desespere. “Ele” poderia ter te jogado no lixo, mas não. Você veio para a geladeira! E enquanto estiver aqui ainda há esperança.” Um dia “Ele” abriu a grande porta. Passou pela primeira prateleira, pela segunda, até que olhou para nós aqui e levou o meu amigo. Eu me lembro bem desse dia: Foi uma linda macarronada!

China in Box: Você acha que eu realmente ainda tenho esperança de ser comido?

Arroz: Enquanto houver o final de semana, há uma chance! E logo logo chega sexta-feira.

(Luz forte)
Canto Gregoriano

China in Box: Oh! Que luz forte é essa!

Arroz: É “Ele”! Eu sinto que está chegando a hora que eu cumprir minha missão. Mas não desanime, a sua hora um dia também chegará!

(Trilha Ghost)
China In Box: “Ele” vem em sua direção. Obrigado Arroz, você foi um bom amigo. Agora vá para a luz!

 Arroz: Adeus meu amigo e não perca as esperanças! Agüente firme até sexta-feira. (O arroz sai de cena. Entra novo personagem)

(sai trilha, luz diminui, silêncio)

China in Box: (esperançoso) Sexta-feira!

Goiabada (eufórica, fala sem parar): Opa, que bacana! A geladeira. Sempre quis estar numa dessas. Minhas amigas não iam nem acreditar. Mas quanta comida. (olhando ao redor) Opa! Oi seu China. Tudo Bem? E aí? Qual o movimento aqui? Quando “Ele” vai voltar?

China: Você é nova aqui né?

Cai o pano.

 

Clube da Cena – até 19 de outubro – Comida

Filed under: Clube da Cena,Divulgação,Dramaturgia — Fabiola Mozine @ 13:15
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Atenção,
o Projeto Clube da Cena está selecionando semanalmente textos de dramaturgos de todo o Brasil para participar de espetáculo temático semanal no teatro Gláucio Gil, abaixo explicado. Para participar basta enviar até segunda-feira um texto sobre o tema da semana.

Até o dia 19 de OUTUBRO  o tema é COMIDA. Envie seu texto de até 8 MINUTOS para cris1@ism.com.br Os textos podem ser de comédia ou não. O esquete selecionado será encenado no dia 28 de outubro e o autor receberá um percentual de 1,5% do bruto da bilheteria deste dia.

Mais informações sobre o projeto na Aba Clube da Cena.

SERVIÇO:

Teatro Gláucio Gil (praça Cardeal Arcoverde s/n – ao lado do Metrô Arcoverde)
Quartas-feiras de setembro a novembro às 20h
Preço: 10 reais inteira e 5 reais meia-entrada
Bilheteria: 2332-7904
Classificação Etária: 14 anos
Realização: Fagundes Produções Artísticas