Para Meus Textos

Textos de Fabíola Mozine

Como sair de uma fria 24/09/2016

Filed under: Sem categoria — Fabiola Mozine @ 10:32

Olá meninos e meninas.
Gostaria de apresentar a vocês o personagem principal da nossa história. Ele mora nessa fria geladeira.
Ele é o arroz integral.
Já faz 4 dias que ele está na geladeira e não tem mais muito tempo de validade. Ele precisa estar preparado para quando a grande porta se abrir. Por isso, nosso amigo arroz passa o tempo todo em que a grande porta está fechada, ensaiando poses para quando “Ele” chegar. ”
“Ele” é o grande cara, é aquele que decide quem fica e quem sai da geladeira.
É preciso que quando “Ele” abrir a porta o arroz integral esteja irresistível.
Opa! Foi só falar “Nele” que a grande porta começa a se abrir.
Prepare-se, arroz integral!
– Eu! Eu! Eu! – diz o arroz integral abanando os bracinhos.
A mão “d’Ele” vai em direção ao arroz.
– É tanta emoção que não consigo nem ver – diz o nosso amigo tapando os olhinhos com as mãos.
Será que é a vez do arroz sair dessa geladeira fria? Será que a hora dele finalmente chegou?
E quando o arroz tira a mão dos olhos a grande porta já se fechou e ele continuava na mesma posição, na mesma prateleira.
– Mas não é possível! – fala triste o nosso amigo – Eu vi a mão se aproximando daqui. O que aconteceu?
O arroz integral estava tão chateado que não havia percebido que “Ele” não havia aberto a grande porta para tirar e sim para a colocar alguém novo. Foi assim que chegou a Caixinha de comida chinesa.
– Caraca. Que Frio! Mas como isso aqui é grande.
Aquela era realmente uma geladeira grande e cheia, e a caixinha estava encantada olhando para tudo . Foi quando viu o arroz.

Como era nova no pedaço, tratou logo de fazer amizade .
– Ô, arroz! Ô, arroz! – chamava a caixinha querendo ser simpática.
Não preciso nem dizer que o arroz não gostou nada de ter companhia. Se sozinho já era difícil chamar atenção “d’Ele”, imagina com mais uma comida fazendo concorrência. Ele estava muito chateado, mas sua mãe havia ensinado a ele que era falta de educação não cumprimentar as
pessoas.
– Oi! – cumprimentou o arroz com má vontade.
– E aí? Me conta qual é a boa? O que tem de bom para se fazer aqui?
Aquela animação toda da caixinha deixava o arroz mais irritado ainda.
– Você é novo aqui, né? – diz o arroz querendo mostrar quem mandava no pedaço.
– Sou sim. Cheguei agora de noite!
– Uma hora dessas! Você deve ser lanchinho da madrugada – falou e virou a cara.
O arroz se virou para o lado oposto da caixinha para tentar evitar ter que continuar a conversa, mas a caixinha de comida chinesa nem percebeu e continuou a tagarelar.
– Uau, que maneiro isso aqui. Eu nunca tinha visto uma geladeira de dentro. Faz frio aqui né? você sabe quando “Ele” vai voltar?
Eram muitas perguntas. Umas atrás da outra. O arroz percebeu que não tinha jeito de ignorar a caixinha e resolveu explicar como funcionava as coisas por ali.
– Você ainda é novo, eu entendo a sua euforia, mas se eu fosse você não ficaria tão animado assim não.
– Mas por quê? perguntou a caixinha
Era a chance do arroz mostrar a realidade daquela geladeira e colocar a caixinha no seu devido lugar.
– Caixinha, olha onde nós estamos! Estamos no fundo da terceira prateleira. Você sabe o que isso significa?

A caixinha não sabia a resposta. Olhou para o lado, olhou para o outro, olhou para cima e respondeu:
– Já sei! Que logo em cima é a segunda prateleira.
Pelo jeito o arroz teria que ensinar muita coisa para aquela caixinha.
Ele empostou a voz e começou a falar.
– Essa sua ingenuidade lembra a mim logo que cheguei nessa geladeira.
Sabe, eu nem sempre fui assim. Eu já fui um arroz integral fresquinho, já estive na frente, na primeira prateleira. Cheguei até a ser requentado uma vez, mas os dias foram passando e “Ele” foi se esquecendo de mim. Eu fui descendo as prateleiras cada vez mais baixo, até acabar aqui no fundo da terceira prateleira.
O arroz começa a chorar. Era a primeira vez que a caixinha via um arroz chorando. Ela ficou olhando meio que curiosa, meio que com pena pela triste história.
O arroz era muito orgulhoso e ao ver que a caixinha estava com pena dele, ele respirou fundo e tentou mudar o assunto.
– Já estou bem, já passou! Vamos anotar que dia você chegou.
– O motoboy me deixou aqui faz pouco tempo.
– Chegou agora e já está na terceira prateleira? Que estranho! A não ser que …
De repente o arroz começa a andar de uma lado para o outro, fazer contas nos dedos e começa a rir de forma estranha. Com os olhos esbugalhados pergunta para a caixinha:
– Que dia da semana é hoje?
A caixinha amedrontada com o comportamento do arroz responde logo.
– Hoje é domingo!
– Urru! Iupi! Viva! Amanhã é segunda! É amanhã!
O arroz sai gritando e rindo alto. Abraça a caixinha numa alegria que parece não tem fim.
– Credo! – reclama a caixinha – Tanto tempo na geladeira deve ter feito mal para sua cabeça, seu arroz! Numa hora você está numa tristeza de dar dó, na outra hora está alegre que parece que ganhou a copa do mundo. Amanhã é segunda, o que tem demais numa…
Antes de terminar a frase a caixinha faz uma cara de quem entendeu tudo e não gostou nada. E a cara foi ficando cada vez mais assustadora até que caiu no choro.
– Buáááá. Amanhã é segunda-feira! Buááá
Era o arroz integral pulando de alegria de um lado e caixinha num mar de choro do outro.
Mas eu não estou entendendo nada. Meninos e Meninas, vocês podem me explicar o que tem demais em amanhã ser segunda?
Ô, arroz, explica para a gente, por favor.
– Qualquer alimento que se preze sabe que segunda-feira é dia de dieta. Essa é a única explicação para a caixinha de comida chinesa tenha vindo tão rápido para a terceira prateleira.
A caixinha concorda com a cabeça. E o arroz continua…
– E se amanhã é dia de dieta, eu tenho chance de sair da geladeira, afinal não há nada mais saudável que eu, um arroz integral delicioso e rico em fibras.
Enquanto o arroz estava feliz da vida a caixinha só sabia chorar. Ao perceber a tristeza da caixinha o arroz ficou até sem graça e resolveu dar uma força para ela.
Arroz! Faz alguma coisa. Fala alguma coisa para animar a caixinha, coitada!
– Não fique tão desanimada caixinha. Sabe como são as dietas de segunda-feira. Pode ser que até o final de semana “Ele” mude de ideia.
Ihh! parece que não funcionou. A caixinha de comida chinesa estava chateada mesmo.
– Mudar de ideia? – disse ela franzindo a testa – Você tem noção de quem eu sou? Eu sou um fast food, uma comida de caixinha. A comida mais gordurosa e calórica que qualquer comida poderia imaginar ser. Nós, as caixinhas, somos feitas para cumprir nossa missão no mesmo dia, rápido. Sabe quantas de nós já sobreviveram a geladeira? Poucas!
O arroz tentou acalmá-la, mas a caixinha continuou falando.
– Em pouco tempo eu vou ficar dura, sebosa e quadrada. Aí ninguém vai querer me comer. Malvado Chinês que me cozinhou.
Pelo jeito a caixinha estava arrasada mesmo. Não deve ser fácil vida de comida!
O arroz nem conseguia mais ficar feliz e resolveu contar uma história que sempre o animava quando ele estava triste.
– Amiga, não fique assim. Permita que esse seu amigo de prateleira lhe conte uma história que ele aprendeu nesses longos dias por aqui.
E começou a contar a história.
– Logo que vim para a terceira prateleira conheci um pedaço de queijo parmesão. Ele já estava esquecido nesta prateleira há 2 meses. Ele estava sempre sereno e feliz, apesar de eu achar que pelo seu cheiro ele já estava com os dias contados. Eu nunca vi uma comida tão paciente e tão sábia. Muito que sei hoje aprendi com ele. E me lembro bem de quando ele me disse: “Cada comida tem seu tempo, não se desespere. “Ele” poderia ter te jogado no lixo, mas não. Você veio para a geladeira! E enquanto estiver aqui ainda há esperança.”
Um dia “Ele” abriu a grande porta. Passou pela primeira prateleira, pela segunda, até que olhou para nós aqui e levou o meu amigo. Eu me lembro bem desse dia: Foi uma linda macarronada!
A caixinha já estava mais calma depois de ouvir a história e até com alguma esperança.
– Você acha que ainda tenho chance de ser comida? perguntou a caixinha
– Enquanto houver o final de semana sempre haverá uma chance. E o tempo voa aqui na geladeira, quando mesmo a gente esperar já é sexta-feira.
Naquele momento o arroz e a caixinha já haviam virado bons amigos. Quem diria?
Eles ficaram tanto tempo conversando que nem perceberam que já era segunda.
De repente a grande porta começa a se abrir e o arroz nem estava na sua melhor pose.
– Que luz é essa? pergunta a caixinha que nunca tinha visto a grande porta se abrir.
– É “Ele”! Será que chegou a minha vez de sair dessa geladeira – disse o arroz tapando os olhinhos de nervoso.
O arroz não conseguia ver mas a caixinha ficou com os olhos bem abertos.
– Ele está vindo para cá. Ele te escolheu. Obrigada, Arroz, você foi um bom amigo – dizia a caixinha já sentindo saudades do arroz.
– Adeus, caixinha, e não perca a esperança. Um dia você também vai sair dessa fria.
O arroz se despede enquanto já está nas mão “d’Ele” , indo embora da geladeira.
A caixinha fica em silêncio por alguns instantes, só pensando na sexta-feira.
Ela estava tão emocionada que não percebeu que “Ele” tinha colocado outra comida na terceira prateleira para lhe fazer companhia.
Era a goiabada que havia acabado de chegar animada como todos quando acabam de chegar na geladeira.
– Caraca! Que Frio! Que bacana essa geladeira. Sempre quis entrar numa dessas. O Doce de leite não vai acreditar quando eu contar.
A Goiabada fala sem parar toda animada, olhando para todos os cantos, quando vê a caixinha.
– Opa! Ô, chinesa, tudo bem!?
Bem , meninos e meninas . A caixinha e a goiabada ficaram boas amigas.
Enquanto “Ele” não as escolhia, a caixinha foi contando a sua história, a do arroz e a do queijo parmesão. Elas foram escolhidas por “Ele” na sexta-feira, assim como o arroz disse.
Outros alimentos vieram para a terceira prateleira, todos esperando a sua vez de sair dessa fria, ou melhor, dessa geladeira.
Fim!

 

Quem não tem cão… 26/08/2010

Filed under: Sem categoria — Fabiola Mozine @ 19:59

2 personagens:

mulher: 30 anos, triste
Doutor: 30 anos

Mulher: Eu Cansei! Vou mudar de opção!

Doutor: Mas porque essa decisão tão drástica?

Mulher: Pois então doutor, não aguento mais ser abandonada. Eu nem queria ficar com ele dessa vez, mas ele veio de mansinho, com aquele olhar pidão, pedindo carinho, sempre do meu lado…
Eu sou humana né? E eu moro naquela casa tão grande, sozinha. Eu sei que isso já me aconteceu tantas vezes antes mas dessa vez eu achei que fosse diferente. Eu não suspeitei que pudesse ser abandonada, esquecida, ignorada, rejeitada desse jeito.

Doutor: Mas você deu espaço para ele? Ou ficou sufocando o pobrezinho como vez com os outros?

Mulher: Ô Doutor! Se dei espaço? Como você acha que ele fugiu? Ele tinha livre acesso a minha casa. Deixei ele escolher qual canto da cama queria.

Doutor: E alimentação?

Mulher: Era casa, comida e roupinha lavada.

Doutor: Que estranho! Eles normalmente são fiéis quando tem isso. Você tentou de tudo?

Mulher: Eu tento desde que tenho 15 anos de idade. Já tentei com todos os tipos: grandes, pequenos, peludos, brancos, pretos, todas as raças…sem preconceito nenhum.
Comprei livros. Fui naquelas lojas especializadas para comprar brinquedinhos para agradar.

Doutor: Desde os 15 anos? E sua mãe deixava?

Mulher: Na verdade eu tive um escondido aos 13. Ele ficava sempre perto de casa e de repente parou de aparecer. Me disseram que ele havia sido atropelado. Foi aí que eu criei coragem e minha mãe percebeu que era melhor dentro de casa do que escondido na rua.

Doutor: Desculpa perguntar, mas foram quantos ao todo?

Mulher: Uns 20 eu acho. Já perdi as contas. Teve o Dudu, Rico, Tomy, Roy, Pepê, Phil, Roger, Caco, Tobi, Ben, Dido, Elvis, Guga, Henry, Tom, Juba, Kill, Luca, Nuno, Chico e o Zé que você nem conheceu.

Doutor: Ufa!

Mulher: E todos me abandonaram. Todos fugiram de mim. Todos me engaram com aqueles olhinhos amorosos e demonstração de carinho. Todos falsos.

Doutor: E nenhum nunca voltou?

Mulher: Não. Porque as vezes eles voltam?

Doutor: É. Quando não conseguem outra dona que cuide deles melhor, as vezes eles se arrependem e voltam com o rabo entre as pernas. Mas eu te disse que estava muito cedo para você substituir o Chico. Nem sempre arrumar outro novo resolve a ausência de um antigo.

Mulher: Nem me fale do Chico… aquele cachorro.

Doutor: E qual era o nome desse novo?

Mulher: Eu coloquei Rex mesmo, pelo menos até conhecer melhor. Depois mudei para Zé. Será que foi isso? Mas essa foi a gota final. Eu desisto: Quero mudar de opção. A partir de hoje eu não crio mais nenhum cachorro. Agora é gato, papagaio, piriquito, o que for, mas cachorro nunca mais entra lá em casa. O que você me aconselha?

Doutor: Bom, dado o seu histórico: que tal um aquário?

Mulher: Ótimo! Peixes não são muito de fugir né?

Doutor: Se bem que tem uns que pulam. Melhor comprar um aquário com tampa, só por garantia.

Mulher: Obrigada Doutor, você é realmente um ótimo veterinário. Espero que pelo menos agora dê certo.

Mulher sai de cena

Doutor: Quem não tem cão… (Olha para os lados para ver se tem alguém olhando, pega a coleira e assovia) Zé! Bom Garoto! Vamos passear

 

A Bela Princesinha Desobediente 18/05/2010

Filed under: Layout — Fabiola Mozine @ 18:36
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Arte feita em Maio de 2010 para a peça “A Bela Princesinha Desobediente” da Cia de Teatro Contemporâneo.

Serviço:
A Bela Princesinha Desobediente
Texto e Direção: Dinho Valladares
Coreografias de Aline Bourseau
Elenco: Isabelle Espindola, Bianca Quintanilha, Daniel Vidal, Fábio Felix,
Ruy Guimarães, Fernanda Lessa, Bruna Winski e Pedro Rodrigues
Direção de Arte: Fabíola Mozine

Maio e Junho de 2010
Sábados e Domingos às 18h
Sede da Cia de Teatro Contemporâneo
Rua Conde de Irajá, 253 – Botafogo – Tel.: 2537-5204
http://www.ciadeteatrocontemporâneo.com.br

 

Disque Amigo. 02/12/2009

Filed under: Clube da Cena,Dramaturgia,Meus Textos — Fabiola Mozine @ 4:06
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Personagens:
Telefonista
Ciro
Soninha.

Telefonista: Alô! Disque amigo, Aqui você sempre tem um amigo. Boa Noite, com quem falo?

Ciro: Boa Noite, eu me chamo Ciro e gostaria de contratar um amigo para ir a uma festa.

Telefonista: Infelizmente todos os nossos amigos festeiros já estão ocupados, sabe como é, hoje é sábado a noite, fica mais difícil encontrar um amigo disponível sem reservar com antecedência. Mas não fique triste, aqui você sempre tem um amigo. Temos vários outros tipos de amigos disponíveis.

Ciro: E o que você me recomenda?

Telefonista: Porque você não aproveita nossa promoção do dia? Você contrata um amigo DVD em casa e ganha um pacote de pipoca de microondas. Não é  imperdível?

Ciro: É, imperdível! Moça, hoje é sábado!! Não tem nenhuma outra opção de amigo mais animado?

Telefonista: Claro que temos, aqui você sempre tem um amigo. aguarde um momento… (Fala mecanicamente como se estivesse lendo) Para qualquer dia  e qualquer ocasião use nosso “amigo cineminha”. Nosso amigo cineminha ouve seus comentários durante a melhor cena do filme sem reclamar que estão perdendo o filme e nem do irritante barulho de você comendo pipoca durante as cenas de suspense. (fala normalmente) O que acha?

Ciro: Hummm! Até que não  é má idéia. Taí, gostei da sugestão.

Telefonista: Eu não te disse: Aqui você sempre tem um amigo. Para completar o serviço eu preciso apenas que você responda algumas perguntas. Qual a sua opção sexual?

Ciro: Como assim?

Telefonista: Você prefere fazer sexo preferêncialmente com homens ou com mulheres?

Ciro: Eu entedi a pergunta minha filha, eu não estou entendendo o porque de você querer saber algo tão pessoal? No que isso interfere?

Telefonista: (lendo novamente) De acordo com os estudos feitos pela DISQUE AMIGO está comprovado cientificamente que a amizade entre homens e mulheres é facilmente corrompida pela carência. E de acordo com o nosso target 100% dos nossos clientes tem dificuldades na sua vida social , apresentando sintomas de extrema carência , colocando em risco a qualidade do nossos serviços.

Ciro: (com raiva) Eu não tenho problemas na minha vida social e eu não sou carente!!

Telefonista: Claro que não! Mas não se preocupe porque aqui você …

Ciro: sempre tem um amigo… já  sei. Então quer dizer que eu não posso ter uma amiga mulher?

Telefonista: Claro que você pode, se você for gay.

Ciro: (pensando consigo mesmo) Se eu falar que sou hetero vou ter que ir ao cinema com um homem, aí  sim vai parecer que sou gay. Que mal pode haver? Ninguém vai saber mesmo. Eu digo que sou gay mas pelo menos vou ter uma companhia feminina ao meu lado no cinema.

Telefonista: Alô!

Ciro: Alô! Então, eu pensei  bem aqui e acho que sou gay.

Telefonista: Acha ou tem certeza?

Ciro: Ai meu Deus! Tenho certeza que eu sou gay, o mais gay que você já viu.

(Começam várias perguntas que vão sendo feitas e respondidas cada vez mais rápidas)

Telefonista: Qual seu ator favorito?

Ciro: Sei lá, Tony Ramos.

Telefonista: humm!Qual será o ponto de encontro?

Ciro:  Em Copa no Roxy

Telefonista: Qual a sessão?

Ciro: Oito

Telefonista: inteira ou meia?

Ciro: inteira

Telefonista: Pipoca com manteiga ou sem?

Ciro: Com

Telefonista: Pequena, média ou grande?

Ciro: Oh! Chega de pergunta!

Telefonista: Senhor Ciro, sua amiga cineminha chegará 15 minutos antes do horário da sessão.

Ciro: E como eu vou saber quem é  ela?

Telefonista: Se eu contar vai perder toda a magia. Tenha um bom divertimento

Ciro: Tá bom! Boa Noite! 
É melhor eu me apressar.

No cinema – pouco tempo depois.

Ciro olha para o cartaz de um filme de desenho animado.Soninha chega ao Aldo dele sem ele perceber.

Soninha: Disque amigo, aqui você  sempre…

Ciro: (ainda sem olhar, com ar de esperança na voz)…tem um amigo (olha para amiga) Soninha?

Soninha: Ciro?

Ciro: Mas não pode ser, com tanta gente no mundo fui contratar minha ex-namorada de amiga cineminha…

Soninha: Mas não poder ser mesmo. Aqui está escrito que meu amigo contratante é gay. Não vai me dizer que você agora (faz gesto de desmunhecar).

Ciro: Não! Nada disso! Eu só  não queria ver uma comédia romântica com outro homem do meu lado. Eu menti.

Soninha: Então você não  é gay?

Ciro: Não! Claro que não!

Soninha: Então nesse caso eu vou embora!

Ciro: Peraí Soninha. Tá passando um desenho animado  da Disney. Você sempre gostou!

Soninha fica em duvida, mas desiste

Soninha: Não posso. Você mentiu e no contrato diz que não posso continuar a amizade com clientes em quem não posso confiar. A honestidade é a base de uma boa amizade… e também porque senão eu não recebo. (Soninha vai embora)

Ciro pega o telefone celular e liga. Toca o celular de Soninha. Ela atende.

Soninha: Alô!

Ciro: Oi Soninha, é o Ciro. Tudo bem? Você está afim de um cineminha hoje? Tá passando um filme de desenho animado que você adora e eu já até  comprei os ingressos.

Soninha: Tá. Mas eu quero pipoca com manteiga.

Ciro: Combinado!

Os dois desligam o telefone celular, sorriem e entram na sessão. 

Cai o pano

 

Clube da Cena até 25/11 – – Tema AMIZADE

Filed under: Sem categoria — Fabiola Mozine @ 1:57

Atenção,
o Projeto Clube da Cena está selecionando semanalmente textos de dramaturgos de todo o Brasil para participar de espetáculo temático semanal no teatro Gláucio Gil, abaixo explicado. Para participar basta enviar até segunda-feira, 16 de novembro, um esquete sobre o tema AMIZADE, de até 8 MINUTOS para cris1@ism.com.br Os textos podem ser de comédia ou não. O esquete selecionado será encenado no dia 25 DE NOVEMBRO e o autor receberá um percentual de 1,5% do bruto da bilheteria deste dia.
Muitos textos que tem chegado são grandes, uma boa dica para ter dimensão do tempo do texto é usar a ferramenta do word de contar palavras, cada 500 palavras dão em média 3 minutos. Outra dica boa é visitar nosso blog, www.clubedacena.blogspot.com e ler os textos já escritos pelos autores fixos, para compreender a pegada do texto.

 

Ex- Família

Filed under: Clube da Cena,Comédia,Dramaturgia,Meus Textos — Fabiola Mozine @ 1:53
Tags:

 
Personagens:
Paula
Dani
 
Paula em cena, espera por Dani. Dani entra alegremente
 
Paula: Ei Dani, o que você queria tanto me falar? o que de tão interessante pode ter acontecido de ontem das 3 da madrugada até hoje na hora do almoço? e que é tão importante que você não podia esperar?
Dani: Quero que você conheça minha família.
Paula: Dani, você tá bêbado? Você é orfã
Dani: Eu casei.
Paula: Como assim? Quando aconteceu?
Dani: Hoje as 10 da manhã na igreja do Carmo.
Paula: Você é doida. Como é que você casa do dia para a noite, assim..
Dani: Não precisa se preocupar que eu fiz exatamento como você me aconselhou.
Paula: Eu não me lembro nunca de ter falado para nada parecido com isso. Ao contrário Dani, eu sempre disse que entendia que por ser orfã você busque a família que não teve, mas nunca falei para você casar com um completo desconhecido.
Dani: Para começar o Rodolfo não é um completo desconhecido.
Paula: Não? Mas você nunca comentou nada sobre esse Rodolfo para mim.
Dani: É que ele mora na marquise do outro lado da rua há uns 3 meses. Eu sempre via ele lá, mas somente ontem de madrugada fui falar com ele, quando ele me pediu dinheiro para comprar uma lata de leite para a filha dele.
Paula: Eu entendi direito? Você disse que ele mora na marquise?  Você está me dizendo que ele é um mendigo, um marginal?
Dani: Eu prefiro morador de rua.
Paula: E se isso não bastasse, ele tem uma filha.
Dani: Você tem que ver que gracinha. Ela deve ter uns 2 anos de idade mas fala cada palavrão de assustar qualquer adulto.
Paula: (ironica) Que gracinha! E onde eles estão agora?
Dani: Lá em casa,oras.
Paula:  Meu Deus, se existisse imposto para burrice você estaria toda individada. Dani, é claro que ele vai roubar seu apartamento. Nesse momento não deve haver mais nada lá.
Dani: Tenho certeza que ele não vai mexer em nada.
Paula: Onde você está com a cabeça, Dani? No que estava pensando quando resolveu fazer uma loucura dessas?
Dani: Não fala assim comigo, afinal de contas foi você que me inspirou. Você e seus sempre sábios conselhos.
Paula: Mais uma prova que você não entendeu nada dos meus conselhos. Eu sempre disse que qualquer coisa que se possa colocar Ex na frente não é família. E marido é um ótimo exemplo, ou você vai me dizer que nunca ouviu a expressão ex-marido?
Dani: Claro que já ouvi. Foi por isso que eu matei o Rodolfo.
Paula: (não entendendo o que acabou de ouvir) Imagina, Marido não é … (cai a ficha) repete essa ultima frase que eu não ouvi direito. Você fez o que?
Dani: Ai, você também não sabe o que quer. Eu matei o Rodolfo logo que chegamos em casa, depois do casamento. É por isso que eu tenho certeza que ele não vai roubar nada, e principalmente que ele não será meu ex-marido. Será o falecido, no máximo!
Paula: Meus Deus! Porque você matou o pobre homem?
Dani: Há um minuto atras ele era um mendigo, um marginal, até de ladrão você chamou ele. Foi só ele morrer que ele vira um santo. Eu matei o Rodolfo, Paula, porque eu estava procurando por uma família. E sabe qual palavra que não tem ex na frente? Filha! Agora eu tenho uma filha, sem processo de adoção, sem nove meses de gravidez, sem estrias, parto normal ou cesariana, e ainda melhor, nenhum marido para tirar a criança de mim. Eu vou poder finalmente ter uma família como eu sempre quis.
Paula, fala alguma coisa!
Paula: Amiga, sabe, eu sempre te subestimei, mas nessa você foi simplesmente genial. Estou tão orgulhosa de você.
Dani: Então você aceita ser a madrinha da Rodolfa? Coloquei em homenagem ao pai, para não dizerem que eu não tive consideração.
Paula: Claro! Ai, estou tão feliz!
Dani: Por isso que vim correndo te contar, sabia que você ia adorar a novidade. Mas agora eu tenho que ir pois ainda tenho que desovar o corpo dele. Você não imagina o trabalho que dá.
Paula: Claro, Claro! Mais tarde então passo na sua casa para conhecer minha afilhada.
Dani: Ótimo, até mais tarde então. (sai de cena)
Paula: Nada como uma família feliz.

Cai o pano

 

Clube da Cena – até 02 de novembro – tema FAMÍLIA 27/10/2009

Filed under: Clube da Cena,Divulgação,Dramaturgia — Fabiola Mozine @ 16:15
Tags:

Atenção, o Projeto Clube da Cena está selecionando semanalmente textos de dramaturgos de todo o Brasil para participar de espetáculo temático semanal no teatro Gláucio Gil, abaixo explicado. Para participar basta enviar até segunda-feira, 02 de novembro, um esquete sobre o tema FAMÍLIA, de até 8 MINUTOS para cris1@ism.com.br Os textos podem ser de comédia ou não. O esquete selecionado será encenado no dia 18 de novembro e o autor receberá um percentual de 1,5% do bruto da bilheteria deste dia. Muitos textos que tem chegado são grandes, uma boa dica para ter dimensão do tempo do texto é usar a ferramenta do word de contar palavras, cada 500 palavras dão em média 3 minutos. Outra dica boa é visitar nosso blog, http://www.clubedacena.blogspot.com e ler os textos já escritos pelos autores fixos, para compreender a pegada do texto.

 

Ele é carioca, Ele é carioca. 22/10/2009

Filed under: Clube da Cena,Comédia,Meus Textos — Fabiola Mozine @ 11:48
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Ele é carioca!

3 atores:
Auditor
Segurança
Cristo

2 atos

 

Uma mesa e uma cadeira localizada em um canto do palco. Auditor pára na porta da sala e dá instruções ao segurança que já está em cena.

 

Auditor 1 – A partir desse momento não permita que mais ninguém adentre a essa sala. Eu tenho que tomar uma decisão muito importante e não quero ser interrompido. Você entendeu? Ninguém!

Segurança: Ninguém?

Auditor: Nem se for o papa!

Segurança – Nem se for Cristo?

Auditor 1 – Ai ai. Santa ignorância. (sarcástico) Faz assim, se for Cristo você pode deixar entrar! Tá bom? Do contrário, ninguém.

Segurança: Entendido. Cristo pode,  o papa não!

Auditor1 (irritado) – Nem o papa!!

 

O Auditor senta na mesa no canto esquerdo. Abre a pasta que contém muitos papéis, arruma sobre mesa. Abre uma maleta que tem mais papéis, arruma. Pega mais papéis que tem nos bolsos do seu palitó, e mais aonde puder tem papéis. Arruma em cima da mesa. Pega uma enorme calculadora e começa a fazer suas contas.

Auditor: Tanta responsabilidade. Tenho que ter muita atenção, afinal estou com as notas de todos jurados. Agora é só somar e logo logo teremos o resultado final. Vamos lá:
Item 1 Segurança: Ixi, a coisa tá feia.
Item 2: Estrutura: Deixe me ver, é. Mais uma vez uma lavada
Item 3: Beleza natural. Esse é mais difícil. (Pega a foto de uma mulata.) Deixe me examinar melhor esse item!

 

Enquanto o Auditor faz as contas e admira a foto da mulata dentro da sala, Cristo aparece na porta.

Cristo: Com licença Senhor, eu preciso muito falar com o homem que se encontra dentro dessa sala.

Segurança: Infelizmente não posso deixar ninguém entrar nessa sala Senhor.

Cristo: Mas é um assunto muito importante. Um assunto de ordem maior.

Segurança: Desculpe Senhor, mas eu tenho ordem de não deixar ninguém entrar. Nem o papa!

Cristo: Nem Cristo, meu filho? (tira um arco com auréola de da bolsa tira colo que carrega e coloca em cima da cabeça, abre os braços como o Cristo Redentor. Toca uma musica celestial)

Segurança: Ah! Não pode ser. É o Senhor Senhor? Por que o Senhor não disse que era o Senhor. Desculpa viu, é que o homem está tomando uma decisão importante e está todo nervosinho. Pode entrar Senhor Cristo.

 

Cristo entra na sala. Auditor tenta esconder suas anotações.

Auditor: Mas que invasão é essa? Segurança!!!!!

Segurança: Pois não doutor.

Auditor: O que significa esse homem aqui na sala. Eu não fui bem claro ao dizer que não era permitido que NINGUÉM entrasse na sala. Porque não me obedeceu?

Segurança: Mas eu obedeci exatamente o que o doutor falou.

Auditor: Qual parte de “não pode deixar ninguém entrar, nem o papa” você não entendeu.

Segurança: Mas Cristo você falou que podia entrar!

Auditor: é por acaso esse Senhor é Cristo?

Cristo tira a auréola da bolsa, coloca em cima da cabeça, abre os braços. Toca música celestial.

Auditor: Não pode ser! É Cristo? (perguntando para o segurança)

Segurança: Eu também custei a identificar, é que ele fica diferente sem a auréola.

Cristo: Meu amigo segurança, você poderia nos deixar a sós por um minuto. Preciso muito conversar com esse bom homem.

Segurança: Sem problemas Seu Cristo. (Vai saindo e volta.) Ah! Antes de ir embora será que você não poderia fazer um milagrezinho bobo? É que eu estou precisando de um ressuscitação dos mortos (olha para o pinto).

(Cristo abre os braços)

Cristo: Pronto meu irmão.  No terceiro dia ele ressuscitará .

Segurança: 3 dias? Bem, é melhor do que nada né? (sai da sala)

 

 

Cristo: Meu bom homem, eu vim até aqui para falar com você sobre essa decisão que você irá tomar. Eu vejo que você está em dúvida, mas eu estou aqui para te iluminar!

Auditor: Na verdade eu até já tinha tomado minha decisão. As Olimpíadas de 2016 vai ser em…

Cristo: em…

Auditor: Madrid.

Cristo (histérico): Mas não pode ser! (volta a ficar calmo) Quer dizer, você tem certeza disso meu bom homem?

Auditor: Tenho! Desculpe Cristo, eu fiz e refiz as contas (coloca o papel em cima da mesa). Vou te falar a verdade, eu até queria que fosse no Rio de Janeiro mesmo. Inclusive eu vi umas fotos da beleza natural do Rio e …(Enquanto o Auditor fica vidrado na foto da Mulata, Cristo pega o papel onde tem o resultado. Dá uma soprada e coloca de volta no lugar.)…mas não tem jeito. São muitos problemas. Está tudo nesse papel… (olha o papel e vê que o resultado mudou).O que é isso? Não era isso que estava escrito no papel. O que você fez?

Cristo: Você está me acusando de trapacear? Você está dizendo que Cristo, o filho do Todo Poderoso pecou? Que eu soprei o papel e embaralhei os números para que a soma fosse favorável para quem eu estava torcendo? Por que você acha que eu vim aqui interferir a favor do Rio de Janeiro?

Auditor: Você fez isso?

Cristo: Tá bom! Tá bom! Já que você adivinhou tudo, eu admito, eu fiz! Mas eu posso explicar. É que é muito importante que essas Olimpíadas seja no Rio. Logo que papai (aponta para cima) viu que a situação estava feia no Rio de Janeiro pediu para eu dar uma olhada na cidade,  eu me fingi de estátua e fiquei em cima de um morro alto para que eu pudesse ter uma visão panorâmica do lugar. E há mais de 70 anos eu olho por essa cidade.

Auditor (admirando a bondade Divina): Ah! Que bonito Cristo! Então você quer que as Olimpíadas seja no Rio para que os cariocas possam ter investimento no esporte e oportunidade de melhoria de vida?

Cristo: Não.

Auditor: Não?

Cristo: Não. Eu quero que as olimpíadas vá para o Rio porque eu não aguento mais. Desde que começou essa coisa de Rio 2016 o carioca não para de inventar moda, e é uma bizarrice mais bizarra que a outra. Já penduraram bandeira no bondinho do corcovado, já estenderam bandeira no maracanã, e papai me falou que ouviu uma conversa de que se eles não ganhassem que iriam colocar me vestir com uma camisa preta escrita “Eu não Rio mais”. Isso eu não posso suportar… eu odeio trocadilhos!

Auditor: É, essa é pesada.

Cristo: Você me entende?

Auditor: Entendendo ou não, eu não posso mais fazer nada. Você embaralhou os números e eu tenho que dar o resultado agora. Que seja feita a Sua vontade.

Cristo: Amém!

 

Auditor sai de cena. Cristo fica na sala nervoso enquanto espera ouvir o resultado. Voz em Off anuncia.

Voz em off: E a cidade que vai sediar os jogos olímpicos de 2016 é… Rio de Janeiro.

Ouve muitos gritos e aplausos. Cristo grita de animação e respira aliviado.

Cristo: Missão cumprida meu Pai! Essa foi por pouco!

 

Cristo vai para o fundo do palco, sobre em algo alto e abre os braços feliz. Apaga-se a luz do fundo de modo que não vemos o Cristo.

Passagem de tempo. No outro dia o auditor se encontra com o segurança novamente.

Auditor: Bom Dia! Que festa ontem hein! Brasileiro realmente sabe fazer festa…

Segurança: É mesmo. O povo está bem feliz!

Auditor: Dizem que Deus é Brasileiro, mas Cristo definitivamente é carioca!

Segurança: Mas quem deve estar feliz mesmo é Cristo.

Auditor: Porque o Rio ganhou e agora a cidade poderá ganhar investimento e será conhecida mundialmente.

Segurança:  Não. E que os cariocas ficaram tão felizes que até fizeram uma homenagem para ele! Está na primeira página de todos os jornais. (mostra o jornal para o Auditor. Aparece a foto no telão). Fizeram uma camisa  que diz “Eu rio a toa” e vestiram no Cristo Redentor. Boa Sacada!

Auditor ri.

Cristo ao fundo, vestido com a camisa, grita;

Cristo: Não pode ser! É castigo! Eu odeio trocadilho!! (e chora)

Sobe som – trilha “ela é carioca”

Cai o pano.

 

Clube da Cena até 26/10- Rio 2016

Filed under: Clube da Cena,Divulgação — Fabiola Mozine @ 9:41
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Atenção,
o Projeto Clube da Cena está selecionando semanalmente textos de dramaturgos de todo o Brasil para participar de espetáculo temático semanal no teatro Gláucio Gil, abaixo explicado. Para participar basta enviar até segunda-feira um texto sobre o tema da semana.

Até o dia 26 de OUTUBRO  o tema é RIO 2016. Envie seu texto de até 8 MINUTOS para cris1@ism.com.br Os textos podem ser de comédia ou não. O esquete selecionado será encenado no dia 04 de novembro e o autor receberá um percentual de 1,5% do bruto da bilheteria deste dia.

Mais informações sobre o projeto na Aba Clube da Cena.

SERVIÇO:

Teatro Gláucio Gil (praça Cardeal Arcoverde s/n – ao lado do Metrô Arcoverde)
Quartas-feiras de setembro a novembro às 20h
Preço: 10 reais inteira e 5 reais meia-entrada
Bilheteria: 2332-7904
Classificação Etária: 14 anos
Realização: Fagundes Produções Artísticas

 

Só ele é ( ) assim. 16/10/2009

Filed under: Comédia,Meus Textos — Fabiola Mozine @ 19:02
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Meu nome é Fabíola Mozine, tenho 29 anos e sou alcoólatra. Mentira! eu já fiz 30!

O alcoolismo não foi descoberto por mim,mas por uma outra pessoa. Ele passava quase 10 horas todos os dias comigo e via tudo que eu fazia, era quase da família. Ele era o dono do bar que eu bebia.

Um dia ele me disse: Fabíola! Você tem que parar de beber, você já virou uma alcoólatra!
Aquela frase para mim era como se ao chegar ao inferno o diabo falasse para mim:
– Fabíola! Você está muito má. Toma essa bíblia e leia o capítulo dos Salmos todo.

Aé? Virei Alcoólatra? Como você sabe?

Foi porque eu chamei aquele cara mal encarado com uma cicatriz enorme no rosto para sentar comigo e falei: – Te considero para caralho! Você mora no meu coração! ?
O dono do Bar disse: Não. Todo bêbado é carente…Você é alcoólatra. É diferente!

Então foi quando eu achei que mulher ir ao banheiro era muito trabalhoso e resolvi fazer xixi em pé e mijei o banheiro todo?
– Não. Todo bêbado perde a mira. Você é alcoólatra! É diferente!

Já sei. Tá falando isso só porque estou devendo mais de 5 mil reais para você?
-Não. Todo bêbado acha que está rico. Já falei. Você é Alcoólatra.

Então como foi?
– Foi pela conta. Foi o que eu li quando fazia a sua conta.

Na boa, o que pode ter de demais na conta?

Aí ele me explicou e aquelas palavras que ficaram gravadas na minha memória até hoje. Ele disse:
– A conta do bar é o exame de sangue do alcoólatra! (Profundo).

Ele explicou: Se eu fosse médico eu te explicaria assim:

Taxa de cerveja – 13 grades (normal)
Taxa de batida de limão – 12 doses (tá no limite)
Oh não! Eu tenho uma notícia para você que pode não ser boa.
Você precisa ser forte. Eu estou vendo aqui que …VOCÊ BEBEU UM CAMPARI.

– Nãããããooooo!!!!

Pra você que não bebe CAMPARI é aquele vermelhinho, última garrafa da prateleira, sempre cheio..porque ninguém  em sã consciência bebe um campari, só os alcoólatras…Ainda assim só se não tiver mais nada para beber.

Gente! Eu bebi um CAMPARI.
Quem bebe um CAMPARI?
Quem tem mal hálito? Quem quer morrer? Quem perdeu o paladar?

O slogan deles avisa: CAMPARI, só ele é assim!
É porque publicitário adora usar essas figuras de linguagem, porque no bom português seria:
CAMPARI só ele é ruim assim!

Vocês lembram de algum comercial do CAMPARI?
No comercial vocês alguma vez já viram alguém beber o CAMPARI?
Eu já vi eles jogarem CAMPARI um na roupa dos outros…lembrem-se que campari é vermelho.. ou seja o cara prefere perder um par de roupa do que tomar aquilo.

Nunca no comercial o ator toma a bebida. Parece até que vejo o diretor conversando com os atores.

Diretor: – Primeiro você vai pular desse penhasco com 1 copo de campari na mão.
Ator: – Moleza
Diretor: -…depois vai lutar com esses 3 vilões com 1 copo de campari na mão. Não deixa derramar.
Ator: – Xácomigo!
Diretor: -Aí quando você ganha dos vilões você bebe o campari para comemorar.
Ator: – Ah não! Poxa eu sou o mocinho… não posso só jogar o campari na roupa dos bandidos não?
Diretor: – Okay. Ninguém aceita beber mesmo!

Pior do que beber o CAMPARI (se é que é possível ter algo pior) e pagar para beber.
Depois desse dia eu admiti meu alcoolismo e até pensei em entrar para os alcoólicos anônimos. Mas fiquei relutante, com medo do que as pessoas podiam pensar de mim.
– Senta do lado dela não. Ela tomava CAMPARI!

Tudo começa muito simples:
Você toma um conhaque Dreher…depois você precisa de algo mais forte aí começa a tomar cinzano e quando você vai ver está pedindo um CAMPARI no balcão do Bar.

Agora eu carrego sempre comigo um frasco de perfume francês (só em caso de dúvidas). Melhor prevenir, vai que me dá vontade de beber CAMPARI de novo!!