Para Meus Textos

Textos de Fabíola Mozine

Como sair de uma fria 24/09/2016

Filed under: Sem categoria — Fabiola Mozine @ 10:32

Olá meninos e meninas.
Gostaria de apresentar a vocês o personagem principal da nossa história. Ele mora nessa fria geladeira.
Ele é o arroz integral.
Já faz 4 dias que ele está na geladeira e não tem mais muito tempo de validade. Ele precisa estar preparado para quando a grande porta se abrir. Por isso, nosso amigo arroz passa o tempo todo em que a grande porta está fechada, ensaiando poses para quando “Ele” chegar. ”
“Ele” é o grande cara, é aquele que decide quem fica e quem sai da geladeira.
É preciso que quando “Ele” abrir a porta o arroz integral esteja irresistível.
Opa! Foi só falar “Nele” que a grande porta começa a se abrir.
Prepare-se, arroz integral!
– Eu! Eu! Eu! – diz o arroz integral abanando os bracinhos.
A mão “d’Ele” vai em direção ao arroz.
– É tanta emoção que não consigo nem ver – diz o nosso amigo tapando os olhinhos com as mãos.
Será que é a vez do arroz sair dessa geladeira fria? Será que a hora dele finalmente chegou?
E quando o arroz tira a mão dos olhos a grande porta já se fechou e ele continuava na mesma posição, na mesma prateleira.
– Mas não é possível! – fala triste o nosso amigo – Eu vi a mão se aproximando daqui. O que aconteceu?
O arroz integral estava tão chateado que não havia percebido que “Ele” não havia aberto a grande porta para tirar e sim para a colocar alguém novo. Foi assim que chegou a Caixinha de comida chinesa.
– Caraca. Que Frio! Mas como isso aqui é grande.
Aquela era realmente uma geladeira grande e cheia, e a caixinha estava encantada olhando para tudo . Foi quando viu o arroz.

Como era nova no pedaço, tratou logo de fazer amizade .
– Ô, arroz! Ô, arroz! – chamava a caixinha querendo ser simpática.
Não preciso nem dizer que o arroz não gostou nada de ter companhia. Se sozinho já era difícil chamar atenção “d’Ele”, imagina com mais uma comida fazendo concorrência. Ele estava muito chateado, mas sua mãe havia ensinado a ele que era falta de educação não cumprimentar as
pessoas.
– Oi! – cumprimentou o arroz com má vontade.
– E aí? Me conta qual é a boa? O que tem de bom para se fazer aqui?
Aquela animação toda da caixinha deixava o arroz mais irritado ainda.
– Você é novo aqui, né? – diz o arroz querendo mostrar quem mandava no pedaço.
– Sou sim. Cheguei agora de noite!
– Uma hora dessas! Você deve ser lanchinho da madrugada – falou e virou a cara.
O arroz se virou para o lado oposto da caixinha para tentar evitar ter que continuar a conversa, mas a caixinha de comida chinesa nem percebeu e continuou a tagarelar.
– Uau, que maneiro isso aqui. Eu nunca tinha visto uma geladeira de dentro. Faz frio aqui né? você sabe quando “Ele” vai voltar?
Eram muitas perguntas. Umas atrás da outra. O arroz percebeu que não tinha jeito de ignorar a caixinha e resolveu explicar como funcionava as coisas por ali.
– Você ainda é novo, eu entendo a sua euforia, mas se eu fosse você não ficaria tão animado assim não.
– Mas por quê? perguntou a caixinha
Era a chance do arroz mostrar a realidade daquela geladeira e colocar a caixinha no seu devido lugar.
– Caixinha, olha onde nós estamos! Estamos no fundo da terceira prateleira. Você sabe o que isso significa?

A caixinha não sabia a resposta. Olhou para o lado, olhou para o outro, olhou para cima e respondeu:
– Já sei! Que logo em cima é a segunda prateleira.
Pelo jeito o arroz teria que ensinar muita coisa para aquela caixinha.
Ele empostou a voz e começou a falar.
– Essa sua ingenuidade lembra a mim logo que cheguei nessa geladeira.
Sabe, eu nem sempre fui assim. Eu já fui um arroz integral fresquinho, já estive na frente, na primeira prateleira. Cheguei até a ser requentado uma vez, mas os dias foram passando e “Ele” foi se esquecendo de mim. Eu fui descendo as prateleiras cada vez mais baixo, até acabar aqui no fundo da terceira prateleira.
O arroz começa a chorar. Era a primeira vez que a caixinha via um arroz chorando. Ela ficou olhando meio que curiosa, meio que com pena pela triste história.
O arroz era muito orgulhoso e ao ver que a caixinha estava com pena dele, ele respirou fundo e tentou mudar o assunto.
– Já estou bem, já passou! Vamos anotar que dia você chegou.
– O motoboy me deixou aqui faz pouco tempo.
– Chegou agora e já está na terceira prateleira? Que estranho! A não ser que …
De repente o arroz começa a andar de uma lado para o outro, fazer contas nos dedos e começa a rir de forma estranha. Com os olhos esbugalhados pergunta para a caixinha:
– Que dia da semana é hoje?
A caixinha amedrontada com o comportamento do arroz responde logo.
– Hoje é domingo!
– Urru! Iupi! Viva! Amanhã é segunda! É amanhã!
O arroz sai gritando e rindo alto. Abraça a caixinha numa alegria que parece não tem fim.
– Credo! – reclama a caixinha – Tanto tempo na geladeira deve ter feito mal para sua cabeça, seu arroz! Numa hora você está numa tristeza de dar dó, na outra hora está alegre que parece que ganhou a copa do mundo. Amanhã é segunda, o que tem demais numa…
Antes de terminar a frase a caixinha faz uma cara de quem entendeu tudo e não gostou nada. E a cara foi ficando cada vez mais assustadora até que caiu no choro.
– Buáááá. Amanhã é segunda-feira! Buááá
Era o arroz integral pulando de alegria de um lado e caixinha num mar de choro do outro.
Mas eu não estou entendendo nada. Meninos e Meninas, vocês podem me explicar o que tem demais em amanhã ser segunda?
Ô, arroz, explica para a gente, por favor.
– Qualquer alimento que se preze sabe que segunda-feira é dia de dieta. Essa é a única explicação para a caixinha de comida chinesa tenha vindo tão rápido para a terceira prateleira.
A caixinha concorda com a cabeça. E o arroz continua…
– E se amanhã é dia de dieta, eu tenho chance de sair da geladeira, afinal não há nada mais saudável que eu, um arroz integral delicioso e rico em fibras.
Enquanto o arroz estava feliz da vida a caixinha só sabia chorar. Ao perceber a tristeza da caixinha o arroz ficou até sem graça e resolveu dar uma força para ela.
Arroz! Faz alguma coisa. Fala alguma coisa para animar a caixinha, coitada!
– Não fique tão desanimada caixinha. Sabe como são as dietas de segunda-feira. Pode ser que até o final de semana “Ele” mude de ideia.
Ihh! parece que não funcionou. A caixinha de comida chinesa estava chateada mesmo.
– Mudar de ideia? – disse ela franzindo a testa – Você tem noção de quem eu sou? Eu sou um fast food, uma comida de caixinha. A comida mais gordurosa e calórica que qualquer comida poderia imaginar ser. Nós, as caixinhas, somos feitas para cumprir nossa missão no mesmo dia, rápido. Sabe quantas de nós já sobreviveram a geladeira? Poucas!
O arroz tentou acalmá-la, mas a caixinha continuou falando.
– Em pouco tempo eu vou ficar dura, sebosa e quadrada. Aí ninguém vai querer me comer. Malvado Chinês que me cozinhou.
Pelo jeito a caixinha estava arrasada mesmo. Não deve ser fácil vida de comida!
O arroz nem conseguia mais ficar feliz e resolveu contar uma história que sempre o animava quando ele estava triste.
– Amiga, não fique assim. Permita que esse seu amigo de prateleira lhe conte uma história que ele aprendeu nesses longos dias por aqui.
E começou a contar a história.
– Logo que vim para a terceira prateleira conheci um pedaço de queijo parmesão. Ele já estava esquecido nesta prateleira há 2 meses. Ele estava sempre sereno e feliz, apesar de eu achar que pelo seu cheiro ele já estava com os dias contados. Eu nunca vi uma comida tão paciente e tão sábia. Muito que sei hoje aprendi com ele. E me lembro bem de quando ele me disse: “Cada comida tem seu tempo, não se desespere. “Ele” poderia ter te jogado no lixo, mas não. Você veio para a geladeira! E enquanto estiver aqui ainda há esperança.”
Um dia “Ele” abriu a grande porta. Passou pela primeira prateleira, pela segunda, até que olhou para nós aqui e levou o meu amigo. Eu me lembro bem desse dia: Foi uma linda macarronada!
A caixinha já estava mais calma depois de ouvir a história e até com alguma esperança.
– Você acha que ainda tenho chance de ser comida? perguntou a caixinha
– Enquanto houver o final de semana sempre haverá uma chance. E o tempo voa aqui na geladeira, quando mesmo a gente esperar já é sexta-feira.
Naquele momento o arroz e a caixinha já haviam virado bons amigos. Quem diria?
Eles ficaram tanto tempo conversando que nem perceberam que já era segunda.
De repente a grande porta começa a se abrir e o arroz nem estava na sua melhor pose.
– Que luz é essa? pergunta a caixinha que nunca tinha visto a grande porta se abrir.
– É “Ele”! Será que chegou a minha vez de sair dessa geladeira – disse o arroz tapando os olhinhos de nervoso.
O arroz não conseguia ver mas a caixinha ficou com os olhos bem abertos.
– Ele está vindo para cá. Ele te escolheu. Obrigada, Arroz, você foi um bom amigo – dizia a caixinha já sentindo saudades do arroz.
– Adeus, caixinha, e não perca a esperança. Um dia você também vai sair dessa fria.
O arroz se despede enquanto já está nas mão “d’Ele” , indo embora da geladeira.
A caixinha fica em silêncio por alguns instantes, só pensando na sexta-feira.
Ela estava tão emocionada que não percebeu que “Ele” tinha colocado outra comida na terceira prateleira para lhe fazer companhia.
Era a goiabada que havia acabado de chegar animada como todos quando acabam de chegar na geladeira.
– Caraca! Que Frio! Que bacana essa geladeira. Sempre quis entrar numa dessas. O Doce de leite não vai acreditar quando eu contar.
A Goiabada fala sem parar toda animada, olhando para todos os cantos, quando vê a caixinha.
– Opa! Ô, chinesa, tudo bem!?
Bem , meninos e meninas . A caixinha e a goiabada ficaram boas amigas.
Enquanto “Ele” não as escolhia, a caixinha foi contando a sua história, a do arroz e a do queijo parmesão. Elas foram escolhidas por “Ele” na sexta-feira, assim como o arroz disse.
Outros alimentos vieram para a terceira prateleira, todos esperando a sua vez de sair dessa fria, ou melhor, dessa geladeira.
Fim!

 

Quem não tem cão… 26/08/2010

Filed under: Sem categoria — Fabiola Mozine @ 19:59

2 personagens:

mulher: 30 anos, triste
Doutor: 30 anos

Mulher: Eu Cansei! Vou mudar de opção!

Doutor: Mas porque essa decisão tão drástica?

Mulher: Pois então doutor, não aguento mais ser abandonada. Eu nem queria ficar com ele dessa vez, mas ele veio de mansinho, com aquele olhar pidão, pedindo carinho, sempre do meu lado…
Eu sou humana né? E eu moro naquela casa tão grande, sozinha. Eu sei que isso já me aconteceu tantas vezes antes mas dessa vez eu achei que fosse diferente. Eu não suspeitei que pudesse ser abandonada, esquecida, ignorada, rejeitada desse jeito.

Doutor: Mas você deu espaço para ele? Ou ficou sufocando o pobrezinho como vez com os outros?

Mulher: Ô Doutor! Se dei espaço? Como você acha que ele fugiu? Ele tinha livre acesso a minha casa. Deixei ele escolher qual canto da cama queria.

Doutor: E alimentação?

Mulher: Era casa, comida e roupinha lavada.

Doutor: Que estranho! Eles normalmente são fiéis quando tem isso. Você tentou de tudo?

Mulher: Eu tento desde que tenho 15 anos de idade. Já tentei com todos os tipos: grandes, pequenos, peludos, brancos, pretos, todas as raças…sem preconceito nenhum.
Comprei livros. Fui naquelas lojas especializadas para comprar brinquedinhos para agradar.

Doutor: Desde os 15 anos? E sua mãe deixava?

Mulher: Na verdade eu tive um escondido aos 13. Ele ficava sempre perto de casa e de repente parou de aparecer. Me disseram que ele havia sido atropelado. Foi aí que eu criei coragem e minha mãe percebeu que era melhor dentro de casa do que escondido na rua.

Doutor: Desculpa perguntar, mas foram quantos ao todo?

Mulher: Uns 20 eu acho. Já perdi as contas. Teve o Dudu, Rico, Tomy, Roy, Pepê, Phil, Roger, Caco, Tobi, Ben, Dido, Elvis, Guga, Henry, Tom, Juba, Kill, Luca, Nuno, Chico e o Zé que você nem conheceu.

Doutor: Ufa!

Mulher: E todos me abandonaram. Todos fugiram de mim. Todos me engaram com aqueles olhinhos amorosos e demonstração de carinho. Todos falsos.

Doutor: E nenhum nunca voltou?

Mulher: Não. Porque as vezes eles voltam?

Doutor: É. Quando não conseguem outra dona que cuide deles melhor, as vezes eles se arrependem e voltam com o rabo entre as pernas. Mas eu te disse que estava muito cedo para você substituir o Chico. Nem sempre arrumar outro novo resolve a ausência de um antigo.

Mulher: Nem me fale do Chico… aquele cachorro.

Doutor: E qual era o nome desse novo?

Mulher: Eu coloquei Rex mesmo, pelo menos até conhecer melhor. Depois mudei para Zé. Será que foi isso? Mas essa foi a gota final. Eu desisto: Quero mudar de opção. A partir de hoje eu não crio mais nenhum cachorro. Agora é gato, papagaio, piriquito, o que for, mas cachorro nunca mais entra lá em casa. O que você me aconselha?

Doutor: Bom, dado o seu histórico: que tal um aquário?

Mulher: Ótimo! Peixes não são muito de fugir né?

Doutor: Se bem que tem uns que pulam. Melhor comprar um aquário com tampa, só por garantia.

Mulher: Obrigada Doutor, você é realmente um ótimo veterinário. Espero que pelo menos agora dê certo.

Mulher sai de cena

Doutor: Quem não tem cão… (Olha para os lados para ver se tem alguém olhando, pega a coleira e assovia) Zé! Bom Garoto! Vamos passear

 

Clube da Cena até 25/11 – – Tema AMIZADE 02/12/2009

Filed under: Sem categoria — Fabiola Mozine @ 1:57

Atenção,
o Projeto Clube da Cena está selecionando semanalmente textos de dramaturgos de todo o Brasil para participar de espetáculo temático semanal no teatro Gláucio Gil, abaixo explicado. Para participar basta enviar até segunda-feira, 16 de novembro, um esquete sobre o tema AMIZADE, de até 8 MINUTOS para cris1@ism.com.br Os textos podem ser de comédia ou não. O esquete selecionado será encenado no dia 25 DE NOVEMBRO e o autor receberá um percentual de 1,5% do bruto da bilheteria deste dia.
Muitos textos que tem chegado são grandes, uma boa dica para ter dimensão do tempo do texto é usar a ferramenta do word de contar palavras, cada 500 palavras dão em média 3 minutos. Outra dica boa é visitar nosso blog, www.clubedacena.blogspot.com e ler os textos já escritos pelos autores fixos, para compreender a pegada do texto.